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Espuma Acústica para proteção contra fogo

Espumas acústicas devem garantir segurança contra o fogo

Espuma Acústica para proteção contra fogo

O mercado oferece uma infinidade de materiais para absorção acústica, tais como: lãs de vidro, de rocha e de pet, fibras minerais e painéis perfurados (elaborados em diferentes materiais). No entanto, as espumas acústicas continuam sendo um dos produtos de maior destaque para essa finalidade.

Dentre as suas diversas vantagens, estão a leveza e a possibilidade de criar layouts variáveis e flexíveis, já que podem ser coladas facilmente à superfície inferior das lajes ou nas paredes.

Há dois tipos principais de espumas acústicas: à base de melamina expandida e à base de poliuretano flexível. Embora esses dois produtos tenham a mesma função de controle do nível sonoro dentro dos ambientes, eles possuem características totalmente diferentes, sobretudo no que diz respeito ao comportamento ao fogo.

Quais são as diferenças entre as espumas de melamina expandida e de poliuretano?

O poliuretano (PU) é um dos polímeros plásticos mais utilizados no nosso dia a dia. Está presente na produção de espumas para colchões, travesseiros e assentos de automóveis – para citar alguns dos seus usos clássicos. Entre as suas vantagens, estão o baixo custo, a leveza e a resistência a impactos.

Mas quando as espumas de poliuretano não recebem a adição de um composto químico para o retardamento da combustão, elas se tornam altamente inflamáveis. Em caso de incêndio, as chamas acabam se propagando muito mais rápido em comparação a um local sem esse tipo de revestimento, e mais: emitem gases e fumaças tóxicas, os maiores responsáveis pelas mortes em caso de incêndio.

Por isso, apesar das vantagens, o uso desse material tem caído em desuso por, muitas vezes, não atender às normas de segurança contra o fogo na construção civil. O produto foi banido em boates noturnas dos Estados Unidos desde 2003, depois que um incêndio deixou 100 mortos.

Já a melamina expandida é basicamente uma espuma semirrígida com células abertas, que apresenta maior resistência a chamas, não emite gases tóxicos e possui ótima absorção sonora. O material suporta trabalhos de até 240°C, oferece isolamento térmico e tem baixa densidade e abrasividade.

As placas dessa espuma acústica podem ser coladas diretamente no teto ou aplicadas como painéis suspensos na vertical e na horizontal, em formatos e cores variadas, oferecendo inúmeras opções de layout e design. Sua instalação é limpa e rápida, pode ser feita em qualquer ambiente que necessita de tratamento acústico, tais como: call centers, espaços comerciais e corporativos, salões de festa, teatros, auditórios e cinemas, por exemplo.

“Em resumo, o poliuretano, quando queima, libera uma fumaça contendo gases tóxicos, ao passo que a melamina expandida, em combustão, não produz fumaça tóxica” compara Rafael Furtado, Diretor Comercial da Flexacustic, empresa que oferece em seu catálogo o Flexfoam, uma espuma acústica à base de melamina expandida classificada como fogo classe A, ou seja, aprovada para uso em locais públicos.

Lembranças da Boate Kiss

Antonio Fernando Berto, gerente técnico do Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões (LSFEx), do IPT, reforça que ambos os materiais são poliméricos e, consequentemente, combustíveis. Portanto, sempre deverão apresentar características de reação ao fogo dentro dos padrões estabelecidos pelas regulamentações dos corpos de bombeiros estaduais. No caso do Estado de São Paulo, esses padrões estão definidos na Instrução Técnica 10, que integra o Decreto Estadual nº 63.911/18.

“É sempre importante checar o desempenho do material usado, que deve ser comprovado por meio de ensaios detalhados. Os materiais aprovados para determinada situação de risco são aqueles que atendem aos padrões técnicos definidos. Já os materiais submetidos a restrições de uso são aqueles que não atendem a esses padrões”, reforça Berto.

A tragédia da Boate Kiss é um dos casos mais emblemáticos de uso indevido do material para finalidades acústicas.  O tratamento acústico da casa noturna gaúcha foi feito com placas de poliuretano flexível, classe VI, coladas na face inferior do forro. “O comportamento dessa espuma era totalmente discrepante em relação ao que seria aceitável para a situação.

Considerando os padrões definidos na Instrução Técnica 10, vigente na ocasião e regulamentada pelo corpo de bombeiros do Estado de São Paulo, o produto deveria enquadrar-se na classe IIA”, relembra o pesquisador do IPT. A displicência na escolha desse material, altamente inflamável e tóxico, resultou na morte de 242 pessoas e 636 feridos.

O caso da Boate Kiss chamou a atenção para a importância de se ter critérios objetivos, baseados em padrões de desempenho para controlar a contribuição dos materiais de revestimento ao surgimento, crescimento e propagação do incêndio. A Instrução Técnica 10 do corpo de bombeiros do Estado de São Paulo teve seu valor reconhecido no Brasil inteiro a partir dessa tragédia.

Vários estados brasileiros a incorporaram às suas regulamentações, como foi o caso do próprio estado do Rio Grande do Sul. “É interessante destacar que a Instrução Técnica 10 foi sugerida e desenvolvida pelo LSFEX do IPT e passou a integrar a regulamentação do corpo de bombeiros do Estado de São Paulo em 2001”, conta Berto.

Cuidados na especificação

Portanto, na hora de selecionar fornecedores de espumas com finalidade acústica, o especificador deve seguir à risca o que diz a regulamentação do corpo de bombeiros. Caso a regulamentação do estado em que esteja não incorpore regras objetivas de controle das características de reação ao fogo dos materiais que compõem as edificações, é recomendável tomar como referência a Instrução Técnica 10 do Decreto Estadual nº 63.911/18 do corpo de bombeiros do Estado de São Paulo.

Em qualquer situação, o material especificado deve ter sido ensaiado em laboratório reconhecido. Os relatórios de ensaio e a respectiva classificação de reação ao fogo também devem ser exigidos do fornecedor. “Deve ficar evidente que o material se enquadra na classe exigida pela regulamentação”, ratifica Berto.

Outra norma que deve ser levada em consideração pelos especificadores é a NBR 16626, que estabelece os procedimentos para a classificação da reação ao fogo dos produtos de construção. “As limitações de comportamento são dadas nas regulamentações dos corpos de bombeiros, considerando os limites para as classes dos materiais”, observa o pesquisador.



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