O barulho das conversas somado à movimentação de cadeiras, música ambiente, toques de celular, alertas sonoros, movimentação de funcionários e tilintar de talheres cria um ambiente caótico e quase nada convidativo à uma boa refeição dentro dos shoppings.
Os níveis elevados de ruído nesses locais podem provocar estresse e um grande desconforto, além da perda de apetite e até mesmo alterações no paladar, aumentando a insatisfação dos clientes.
Os funcionários também sofrem, chegando mais cansados ao final do expediente e podendo desenvolver alterações no sistema auditivo, insônia e desatenção.
“Quando este ruído ambiente fica muito elevado, também aumenta o esforço e o desgaste vocal para se fazer entender. Mesmo numa conversa a dois, em que o interlocutor está a cerca de um metro de distância, o que praticamente seria do outro lado de uma mesa”, observa o arquiteto Felipe Barreiros Paim, líder de projetos da Audium.
Vale a pena investir em acústica?
No Brasil, pesquisas publicadas entre 2005 e 2011 mostraram que, sem o tratamento acústico adequado, algumas praças de alimentação ultrapassaram facilmente a casa de 85 dB, tornando a qualidade da comunicação bastante precária.
Felizmente, os agentes do mercado já estão entendendo que a qualidade acústica destes espaços não representa um custo, mas sim um investimento. Muitos empreendimentos, inclusive, já são lançados incluindo o condicionamento acústico não só da praça de alimentação, mas também dos corredores de circulação como um diferencial para o conforto sonoro de usuários e funcionários.
Quanto mais cedo esta disciplina entrar junto com desenvolvimento do projeto arquitetônico, mais otimizadas e compatibilizadas serão as soluções propostas.
Quais as melhores estratégias de projeto?
Mais do que espaços para fazer refeições, as praças de alimentação são locais de socialização, portanto, os projetos de arquitetura e de acústica devem estar em sinergia para conciliar essas duas funções.
Para aumentar a sensação de conforto acústico, ambos os projetos devem apostar na inserção de revestimentos absorventes, que ajudam a reduzir a reverberação e o nível de ruído originado da conversa simultânea entre muitos falantes.
O correto dimensionamento desses materiais deve levar em consideração, dentre outras coisas, o layout proposto pelo projeto arquitetônico e a ocupação máxima da praça.
Mesas retangulares muito compridas, por exemplo, afastam mais os interlocutores e tendem a gerar grupos com maior emissão sonora. Já as mesas circulares aproximam mais os ocupantes, que tendem a reduzir o esforço vocal.
Trocar um layout rígido e ortogonal por um mais fluido com maior espaçamento entre mesas ou por pequenas ilhas com grupos de mesas separadas por elementos do paisagismo, também contribui para o conforto sonoro dos usuários.
Quais materiais usar?
Na etapa de escolha de materiais, é importante dar preferência àqueles que apresentam elevado coeficiente de absorção sonora. “Principalmente nas médias frequências, entre 500Hz e 1KHz – faixa que mais ressalta no espectro sonoro de medição em uma praça de alimentação”, ressalta Paim.
É comum a utilização de materiais ressonantes, como placas e painéis perfurados, associados a materiais fibrosos e porosos. Este tipo de sistema costuma apresentar boa absorção nas médias e altas frequências e pode ser facilmente inserido ao projeto de ambientação, seja como forro, revestimento de parede ou incorporado ao sistema de cobertura.
“Com a linha de produtos da FlexAcustic temos uma ampla variedade de escolhas em revestimentos acústicos onde é possível combinar design e acústica. Além disso, as soluções são fáceis de instalar de fazer a manutenção.”, destaca o engenheiro Rafael Furtado, diretor comercial da FlexAcustic.
“A nossa linha Flexwood de madeiras é o material mais procurado e especificado por sua durabilidade e pela diversidade de designs e tonalidades”, completa.
Há ainda a possibilidade da adoção de elementos suspensos como as nuvens acústicas e os baffles que, além de apresentarem grande apelo estético, criativo e inovador, ampliam a área de absorção por estarem com ambas as faces totalmente expostas ao ambiente, o que também facilita o acesso para a manutenção das instalações.
Quais são as áreas estratégicas a serem tratadas?
A principal área a ser tratada dentro do shopping é o teto, seja o forro ou a própria cobertura, quando aparente. O material acústico usado nessa área pode ser o próprio forro da praça de alimentação, desde que apresente bons níveis de absorção sonora.
No caso de cobertura aparente, é possível adotar uma nova camada composta por material fibroso juntamente com telha metálica perfurada.
Caso sejam adotados elementos suspensos, os baffles devem ficar com as lâminas verticais afastadas entre si com distância similar à da sua própria altura. Já as nuvens acústicas podem ser suspensas horizontalmente, em alturas distintas e com transpasses, afastadas no mínimo 50 cm da superfície de fixação.
Quais são os principais erros neste tipo de projeto?
Colocar material acústico embaixo de mesas e cadeiras é um dos mitos mais comuns relacionados a projetos acústicos dessa natureza. “É necessário compreender que a acústica é uma área técnica, complementar à arquitetura e baseada em cálculos. Não existe uma ‘receita de bolo’, mas sim diretrizes comuns que, se seguidas de forma correta, promovem bons resultados”, afirma o arquiteto da Audium.
Outro ponto importante é dimensionar corretamente os materiais. Em quantidade insuficiente, certamente a resposta acústica em praça de alimentação será ineficaz e tampouco minimizará os impactos acústicos nos clientes e funcionários.
Por outro lado, superdimensionar a absorção sonora equivalente do espaço pode ser custoso e causar a perda de privacidade entre as mesas. “Daí a importância da simulação acústica desde a fase inicial do projeto”, reforça.
Portanto, apostar em um bom projeto acústico e em produtos de qualidade são as alternativas para minimizar o problema de ruídos em praças de alimentação.
A FlexAcustic, por exemplo, oferece uma ampla linha de produtos para essa finalidade, como o flexfoam (espuma de melamina expandida acústica e incombustível) e o flexwood (painéis de madeira perfurados incombustíveis).
Colaboração técnica
Felipe Barreiros Paim – líder de projetos da Audium
Rafael Furtado – Diretor Comercial da FlexAcustic
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